No dia 14 de outubro de 2021, no Dia Internacional dos Resíduos Eletroeletrônicos, foi inaugurada a Central de Logística Reversa de Eletroeletrônicos do Rio de Janeiro, em Realengo. O evento teve a presença de diversos representantes do poder público e iniciou uma nova abordagem na cidade em relação ao descarte de materiais eletrônicos. Nós acompanhamos o evento presencialmente e trouxemos abaixo tudo o que rolou por lá!
Já fizemos aqui um post informativo sobre Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE)! Em resumo, Equipamentos Eletroeletrônicos são aqueles produtos que necessitam de energia elétrica, pilhas, baterias ou campos eletromagnéticos. Alguns exemplos são celulares, notebooks, geladeiras, caixas de som, fornos, liquidificadores e muitos outros. São materiais que estão constantemente no dia a dia da população e que acabam sendo descartados das mais diversas formas.
A destinação correta para esses resíduos é muito importante para a conservação dos recursos naturais. Todos esses equipamentos são compostos de diversas substâncias extremamente prejudiciais para a qualidade ambiental, pois contaminam o solo e os corpos hídricos. Por isso, a inauguração de uma Central no Rio de Janeiro é um grande passo para a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado que tanto se deseja.
A Central será instalada no Rio Park Recicla, o primeiro parque de reciclagem da cidade do Rio de Janeiro, o qual possui o objetivo de conscientizar a população no entorno, estimular a economia circular e a logística reversa, gerar renda para diversos catadores de materiais recicláveis e diminuir a quantidade de resíduos descartados irregularmente.
Administrado pela Associação de Recicladores do Rio de Janeiro – ARERJ, o Parque recebe todos os principais resíduos recicláveis e, agora, possui estrutura para trabalhar a logística reversa de materiais eletrônicos. O Rio Park Recicla fica localizado na Estrada da Água Branca, número 1160, em Realengo, na Zona Oeste Carioca.
Mas o que é Logística Reversa?
É um instrumento de gestão de resíduos regulamentado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, Lei nº 12.305/2010, que consiste num conjunto de ações que objetivam retornar resíduo para o ciclo produtivo. É baseado na responsabilidade compartilhada, um conceito que organiza o papel de cada setor da sociedade, inclusive do cidadão consumidor, na destinação correta dos materiais recicláveis.
De maneira sucinta, a Logística Reversa auxilia em reduzir a quantidade de material que vai para aterros, reaplicando esses materiais no sistema de produção, gerando renda para catadores, poupando gastos para empresários e colaborando para uma cidade mais limpa e sustentável.
O evento contou com a presença de diversos representantes. O primeiro a falar foi Edson Freitas, presidente da ARERJ, organização responsável por gerenciar a Central e outros pontos de coleta de resíduos recicláveis em todo território fluminense. Edson destacou a importância de dar visibilidade ao trabalho dos catadores e recicladores e de alcançar e engajar ainda mais a população.
Que essa energia se espalhe por todo Estado, contagie cada cidadão e que nós (ARERJ) possamos contribuir muito com a economia desse Estado. – Edson Freitas
Em seguida, a palavra foi dada a Sérgio Maurício, presidente da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos – ABREE, que ressaltou a importância dos Equipamentos Eletroeletrônicos no cotidiano da sociedade e como é necessário reintroduzir esses materiais na cadeia produtiva, aumentando a vida útil dos aterros e contribuindo para a conservação do meio ambiente.
O convite que eu faço a todos vocês é que celebrem o dia de hoje comunicando, ao maior número de pessoas, a importância de descartamos aquilo que nós temos em casa de maneira adequada. Do fone de ouvido à geladeira, tudo tem o seu valor! E essa é a forma que vamos contribuir para as sociedades futuras! – Sérgio Maurício
Após a fala de Sérgio, o Secretário Municipal de Meio Ambiente Eduardo Cavaliere, representando a Prefeitura do Rio e chamando atenção para a inclusão dos catadores informais, e de outros trabalhadores verdes, na cadeia produtiva do Rio.
Viva a reciclagem, viva ao meio ambiente e viva a essa cadeia produtiva tão importante! – Eduardo Cavaliere
Dando continuidade ao evento, Thiago Pampolha, Secretário do Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Rio de Janeiro, teve seu momento de fala focado no potencial que a região sudeste brasileira possuí na destinação correta dos REEE, estimulando a logística reversa e gerando oportunidades de renda para a população, e na importância de ações efetivas de educação ambiental.
Ações como essa são importantes, pois de nada adianta a gente fazer as intervenções de poluição direta se as nossas consciências não forem renovadas. – Thiago Pampolha.
Seguidamente, André França, Secretário de Estado de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, veio representando a alçada federal comemorou os números alcançados pelo Programa Aterro Zero e deu destaque a cooperação harmônica entre Município, Estado, União e Sociedade Civil na implementação de pontos de reciclagem no Rio de Janeiro. André foi responsável de escolher o Rio de Janeiro e outras 9 cidades no Brasil para receber o apoio federal na estruturação desses pontos.
Celebremos o dia de hoje! Um dia que marca um novo capitulo da reciclagem no Rio de Janeiro. – André França
Finalizando o evento, o Governador Cláudio Castro usa o microfone para chamar a atenção para políticas públicas efetivas, que tenham o papel de desenvolvimento social e que, em conjunto, colaborem para a conservação do meio ambiente.
Nós temos que entender, de uma vez por todas, que o desenvolvimento e o ambiente não são inimigos. Nós temos que desenvolver o nosso estado, nossa cidade e o nosso país cuidando do nosso ambiente. – Cláudio Castro
Outros 270 postos de coleta serão instalados no Estado graças a parceria, assinada ao fim do evento, entre a ABREE e as Secretarias Municipais e Estaduais de Meio Ambiente.
OPINIÃO LUPPA
O Luppa esteve presente durante todo o evento e participou das atividades realizadas. Apesar da boa organização e da surpreendente escolha para a realização do evento, levando em consideração que a Zona Oeste carioca possui extrema carência de ações socioambientais, a sociedade civil e a comunidade do entorno não estava presente no evento. Mesmo que todos os citados tenham destacado a educação ambiental e a participação pública como fator essencial para a eficiência das políticas públicas ambientais, a presença de moradores do bairro de Realengo e da Favela do Fumacê, comunidade vizinha ao Rio Park Recicla, foi praticamente nula.
Além do mais, segundo a recepcionista da Central, o número de trabalhadores estava reduzido no dia do evento e os poucos que estavam presentes não tiveram a oportunidade de fala durante o evento. Esse fato faz com que o Luppa se preocupe com a veracidade das palavras utilizadas pelos representantes políticos, visto que em um evento tão importante como esse deveria com a participação da população, aprendendo e se engajando na destinação correta de resíduos sólidos.