LUPPA – UFRJ

Conheça o Cocôzap: mapeamento, mobilização e incidência em saneamento em favelas!

 

O CocôZap é um projeto do data_labe de mapeamento, incidência e participação cidadã sobre saneamento básico em favelas. Ele acontece no Complexo de favelas da Maré, um bairro com 140 mil habitantes da Zona Norte da capital fluminense. 

A equipe do projeto, em parceira com a Casa Fluminense e a Redes de Desenvolvimento da Maré, trabalha desde 2018 no Cocôzap para construir, a partir de um número do WhatsApp, um canal de denúncia, debate e proposição sobre saneamento básico, abastecimento de água e coleta de lixo na Maré. 

O Problema de Saneamento nas Favelas da Maré

O Complexo da Maré ocupa um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade e ocupa 9ª posição entre os bairros mais populosos do município do Rio de Janeiro, contendo 9% de toda população residente em favela. O território possui um sistema de esgotamento sanitário defasado que não comporta a demanda de saneamento básico atual, bem como diversos problemas de alagamento, lixo acumulado nas ruas e intermitência no abastecimento de água. Nesse sentido, o projeto pretende fornecer alternativas comunitárias para o problema e mobilizar a população em torno do tema para a garantia de direitos básicos universais.

 

A tecnologia “CocôZap: mapeamento, mobilização e incidência em saneamento em favelas” tem a ideia central de fomentar um canal de denúncia, debate e proposição em saneamento, a partir de mapeamentos participativos sobre problemas de saneamento na Maré.

Como o CocôZap trabalha?

 Através de uma conta no whatsapp, moradores fazem queixas sobre problemas enfrentados com saneamento, que são armazenadas em uma base de dados criptografada e posteriormente georreferenciadas em um mapa do bairro, disponível no site do Cocôzap. Na ausência de dados oficiais, esse processo tem o potencial de qualificar as estruturas de saneamento existentes, possibilitar estratégias de mobilização e subsidiar políticas públicas em favelas.

O funcionamento é simples: um número de celular recebe, através do zap, fotos, vídeos e narrativas sobre lixo e esgoto de modo a localizar e ilustrar os desafios de um cotidiano de desigualdades em termos de acesso a serviços públicos. Uma nova base de dados está sendo produzida com a intenção de construir diagnósticos complementares aos indicadores utilizados como oficiais. 

Central do CocôZap

A expectativa é de que o debate impulsionado pelo CocôZap possa gerar pressão por políticas e soluções mais legítimas, baseadas em evidências fornecidas por quem vive os dados mais extremos no dia-a-dia do próprio território. 

O que o CocôZap já alcançou?

O mapeamento comunitário dos problemas de saneamento na Maré, realizado desde 2018 pelo Cocôzap, já registrou cerca de 350 queixas no total, revelando que os maiores problemas da Maré são relativos à disposição de resíduos inadequados, vazamento de esgoto e alagamento. Em 2021, uma nova estratégia de geração cidadã de dados do Cocôzap é através dos Embaixadores Cocôzap: 4 jovens de diferentes regiões da Maré que tem o objetivo de registrar queixas de saneamento e monitorar todas as ruas do Complexo da Maré. Após 4 meses de atuação, os Embaixadores Cocôzap levantaram 230 novas queixas e mapearam todas as ruas da Maré. A participação dos moradores é central na qualificação dos serviços de saneamento na Maré e também foi muito importante na construção de documentos de diagnóstico e propositivos: A Carta de Saneamento da Maré e o Plano de Monitoramento.

A Carta de Saneamento é um documento que apresenta, de forma resumida e objetiva, um diagnóstico das demandas prioritárias acerca do saneamento básico do Complexo de favelas da Maré. Ela começou a ser elaborada no I Encontro de Saneamento da Maré a partir da contribuição de muitos moradores, ativistas e especialistas, sendo lançada no III Encontro de Saneamento, que contou com a participação do gerente da Comlurb da Maré, Marcos William, e do promotor de justiça Alexandre Maximino Mota, coordenador do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente no Ministério Público.

O Plano de Monitoramento Popular em Saneamento, Saúde e Meio ambiente na Maré partiu de um monitoramento feito pela equipe do Cocôzap com 15 famílias da Maré durante 3 meses da pandemia, buscando entender quais parâmetros ambientais e de saúde precisam ser monitorados para qualificar e quantificar os reais impactos da pandemia no Complexo da Maré. Diante dessa pesquisa e com a colaboração de diversos especialistas, o Plano de Monitoramento apresenta uma série de recomendações a partir de evidências técnicas e científicas para o desenvolvimento de políticas públicas e engajamento cívico, visando a criação de narrativas e proposições a partir do saneamento básico para amenizar os efeitos da crise causada pelo coronavírus.

Em 2021, o Cocôzap lançou uma temporada especial no podcast data_lábia votada só para falar sobre saneamento na Maré, levantado diversos dados e conversando com vários moradores. O Cocôzap recebeu o certificado de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil e, atualmente, estamos entre os finalistas do Prêmio de Tecnologia Social.

O CocôZap é um projeto incrível que vem trabalhando e lutando para a melhoria do Saneamento Básico no Complexo de Favelas da Maré, rompendo as barreiras de injustiça ambiental que a sociedade impõe nessas comunidades. Por isso, o Luppa Social não poderia deixar de fossa essa iniciativa tão importante.

O projeto trabalha em cima dos seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Quer saber mais sobre o CocôZap?

Grande parte das informações contidas nesta postagem foram fornecidas pelo CocôZap através da colaboração com o Luppa, fazendo com que ambos sejam os autores dessa publicação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *